sexta-feira, 6 de abril de 2012

Vinte e um

    Alto, amável, tudo o que eu quis ouvir já havia dito... não era mesmo pra mim. Tinha certa dificuldade em decifrar-me e as mãos quando segurava às minhas, com força, pressionava a boca delicadamente, dominava-me, calava-me com beijos, não com palavras.
    Hoje o vi passar e antes quase o atropelo por pura falta de equilíbrio, estranho e verdadeiro o modo como ele se afastou para não tocar-me se quer acidentalmente, tudo bem... em seu lugar eu também teria medo de mim.
    Reconhecer o mal que lhe causei não é maneira barata de redimir-me da cruz, acho apenas que se fui tão madura a ponto de desconhecê-lo como “amor da minha vida” deveria naquele instante tortuoso ter-lhe falado verdades... “só você chegou tão longe e não há de apagar isso com tic tac de ponteiros, mas agora, amor, é chegada a hora de partir.”
   E confesso, já faz um tempo, mas só hoje vim notar a falta... acho que a saudade se atrasou, mas só acho.