quarta-feira, 18 de abril de 2012

Spleen

    Venho nutrindo algo ácido e calado por todas essas outras, mas é chegada a hora em que deixo pesar o que não podemos ser, tento achar graça, mas é no tempo gris que me perco de você e então minha garganta percebe que seu nome gritado ao vento, no meio de toda essa gente, é apenas sussurro.
   Não chore, amor, não derrame a culpa por não ter acompanhado o bloco, tudo passa, amor, sempre passa! Decora tua dor, diz pra mim que é de confete e serpentina que se aquieta o descompasso, para que eu, em estado elevado de insanidade, possa desfrutar do mísero legado que é essa paz inconstante, a ausência de nós dois.
    Ela vai chegar em você onde eu jamais ousei estar... e quando eu soltar da tua mão quero que toque uma marchinha fúnebre, pretendo sorrir e logo me desfazer dessa fantasia que tanto provoca meu desconforto... estou vestida de mim.
    É falta, desilusão, melancolia e esse carnaval que insiste em ser eterno. Faça tudo o que tiver de fazer, mas imploro, amor, quando chegar a quarta de cinzas não abrigue-a em nosso quarto... que isso dói, e você sabe.