segunda-feira, 6 de junho de 2011

Purée

     Adoro amantes de vanguarda, todos tão boêmios incorrigíveis... O retrato do descaso querendo casar, aliança em desuso, quase quebrada, esquecida no ralo d’uma banheira qualquer, sem preocupação. Adoro amantes de vanguarda, todos entregues por tão pouco, todos de cabeça e corpo inteiro sem escolha, delas, deles, de desejo. Inteiramente lascivos, bocas dadas a todas as moças e moscas prováveis... Um pouco antiquados, o resto dum quadro bem pintado de preço pago por fantasias impróprias, tudo muito nobre, rico de satisfação e criatividade extravasada... Aguça-me o teu impessoal! O poço confortável, qualquer noite fácil que acabe em ruelas de limão, braços derramados e pernas abertas em duplo ou sexagésimo nono sentido. Detesto amantes de vanguarda, ainda lembro-me da última vez: taças e torneiras quebradas, colchões rasgados, roupas pela casa e a migalha do frenesi... Meu prejuízo.