sábado, 4 de junho de 2011

Amendoim digital

    Tudo ácido, espirituoso. Ele de pensamentos, em contato direto com o inferno que é a cabeça apoiada num divã, na plena convicção de que nascer é começar a morrer, e só. Esmaecendo devagarzinho na imensidão do leito de flores, as mesmas jogadas debaixo para cima, as mesmas esquecidas dentro d’água suja, poluída, sem perdão. A demonstração de apego lhe traz um abridor de lábios, um mostrador de dentes, o tempo se perdendo, o gosto do desgosto sumindo, evaporando como a água das flores... Ele remoçando. O sistema nos envelhece, nos aprisiona, nos isola de nós mesmos, mas ele sempre vomitou palavras sábias e de sábias verdadeiras. Certo é aquele que transforma o sistema numa via de mil mãos, aquele que coage e corrompe qualquer perspectiva de viver exatamente no mau gosto... E o errado? O errado é o mais sábio de todos, não por ser certo, mas por não precisar modificar absolutamente nada, apenas ser.