domingo, 15 de dezembro de 2013

todo vestir será castigado

As palavras afiadas provém de sentimentos afiados. Digo comigo que tenho sido tão ríspida, de uma maturidade sólida que não se conjuga no viver e mesmo, sigo rascunhando o que tenho, mas sempre giramundo e não melhoro. A preguiça, por exemplo, não é culpa do sol ou das peles que às minhas mãos parecem trópicos, a preguiça é profana e se dilui como uma virgem ao vir o riso de um rapaz que lhe chupará os dedos até desbotar o esmalte. Se eu não tivesse preguiça, teria cansaço, e tenho também... aqueles cansaços de semanas que se estendem, do coração se aperrear até recorrer à patafísica... vontade de me olhar e dizer: "tens cansaço, preguiça, poeira e a vida, ela embolora, e o amor que se humilha às tuas indecisões, decerto, putrefará." Veja eu, desse jeito, trepidando e nua por esse apartamento, eu que tanto falo dos meus olhos e por eles sinto a ressaca de toda uma avenida, uma saudade de puta quando lhe dizem para tomar vergonha e foi-se o tempo da vergonha, e de ser artista-poeta-engajado... as coisas lindas são como os dizeres do meu último-grande-amor: inacessíveis. Mas as tenho procurado. E só erro. E não me importo. Quero o orgulho refinado de pensar que darei a alguém aquilo que ninguém dará, mesmo sabendo que se dobrar, me encontro em qualquer esquina.