sábado, 10 de dezembro de 2011

No quintal

    Vai singela ao vento e pula corda ao ver alguém chorar, oferece um beijo, diz que acostuma com dias estranhos e faz como se já fosse solidão, não adianta tentar planos compatíveis com o balanço do mar ou com a vontade do tempo. Tudo o que é teu nasceu prometido ao mundo. Ventura, é assim que tem de ser, pra funcionar como desculpa de pensamento vago, para quando lhe faltarem adjetivos complexos ou vontade de carnavalizar momentos, ventura junto da poeira, ventura ao andar numa calçadinha na qual só cabe encontro de dois, ventura na ida e na desistência, ventura, pra morrer e também ao remoçar. Fervendo estará o futuro, quando vontade e possibilidade entrelaçarem os dedos, sua alma vai poder fazer mosh por aí, vergonha de chorar não há de se fazer presente em noites claras e sem melatonina, só pra sonhar e ser concreto, livre das armadilhas do sistema e mais uma vez, ventura. Algum dia vai crescer e continuar de tardes, sem as carinhas da década passada, mas com os laços estendidos, aumentados e desfeitos para quem quiser se enroscar e nunca mais sair. Hei de fazer um futuro com sabor concentrado, o nosso.