domingo, 11 de setembro de 2011

Fica


     Pensei que fôssemos mais fortes e que as coisas bobas não pesassem, pensei me acostumar com sua ausência e me enganei tão brutalmente, acendendo somente a faísca que me faz explodir. Alimentei uma esperança finita e mesmo sabendo o motivo me decepcionei com o fim e quando te perguntava o porquê das coisas perderem a graça você palpitava num passo fosco e calado, respondia pausadamente: “porque nada é de graça!” Eu ri, chorei, compartilhei o destino mais previsível e junto gritei de cansaço, vendo as mãos sumirem no mesmo tempo que carregou minha velha esperança. Ah meu amor, quanta dor de nós dois, tentando fazer parte da única conspiração que me fez cegar no quarto de parede rocha, na cama de lençóis sinceros, perdemos, um ao outro, triste fim. Nunca mais dar-te-ei meus abraços doces ou meus ósculos inconstantes, nunca mais a pausa singela no cair da noite, nunca mais a leveza da nossa união ou o brilho da pupila dilatada, nunca mais desejos gratuitos e nem mesmo a preocupação com as besteirinhas esperáveis.