quarta-feira, 29 de junho de 2011

Sim

    Abriu uma porta miúda e saiu, mesmo sabendo que era sua a parte mais generosa de minha alma. Quisera eu ter os braços fortes, a cabeça fincada no pescoço e o cuidar de mim, tudo isso para concertar os fatos, concentrar nos gestos a esperança menos vã possível da realidade que quase sucumbiu nosso progresso desenfreado. Solucei tanto, me chicoteei e fiz preces a santos que de tão cansados de mim já me ignoram... Usei da fé, da maldade, do derretimento, da culpa e dos desencontros que se fizeram na escada, eu fui livre, me vejo triste e já sei o que não sou, ando distante, nem sei se ando, e se meus passos forem meus eles estão confusos, desinformados, sem norte. Quadriplicaram minha dor e a intensidade que me assola é tão forte quanto o teu bater de porta em fúria, mas quisera eu me jogar, agarrar-me a tuas pernas e balbuciar aos teus ouvidos as promessas mais comuns que alguém já ousou sentir... Eu que não me rendo nem me entrego sequer pela metade, eu que dona de mim andei sofrendo em barulho a mais bagunçada ameaça, eu que piso em nuvens negras ao te ver sentado no décimo terceiro degrau com a cara mais lisa do plano perguntando: “Eu posso voltar?”