domingo, 8 de novembro de 2015

**

como pude perder um tanto da vida me prevenindo de alguma coisa?
e por isso vivi e me senti só
infinitas vezes de solidão ao cais
onde me encontrava junto dum sentimento bom e triste
misturando eu
minhas memórias
em torno de vozes 
que supunha virem do teu coração
e vieram
agora sozinha
mais que antes
tentando sarar algo quente ainda
algo cortado
tirado à faca feito a confiança que tive em ti
me movo breve e devagar
hoje na rua escura não corri de nada
não acompanhei os meninos
fui lenta do corpo estar tão cansado de deitar pra clamar por algo
algo que podia remendar
hoje sentei na areia fina
e vi o céu
olhei prum céu tão cativo de você
você quem me ensinou
tanto
a gostar do céu
e de tantas outras memórias que guardo
vou guardar
mas o que fica agora
é uma mágoa atropelada do que fomos
o nosso excesso
tudo em nós foi demais
tudo em mim é grande
e quando te encontrei
tudo em você era triste
e acinzentado
e não teve
e não vai ter
jeito
agora só tento
e mato
resquícios de você em mim
na minha mente manchada de tantos descompassos
de tantas tentativas
o que houve com a gente, só nós vamos saber
 a loucura dos dias
do cansaço
da fúria pela qual fomos guiadas a cometer tantos desalentes
e nos mostrar tão distantes do que pensei ser pra você
e do que você tentou se mostrar pra mim
linda, nua, plena, dos sons mais firmes que a gente emite quando ama
mas passou
e nosso tempo doeu e fez rir, como tudo na vida
e foi na ânsia de nos cuidar que nos perdemos