Num acesso, desejo de recorrer à
Cortázar, páginas marcadas do meu abandono.
Por vezes me vem a “razidão” da fome de coisa alguma, pouquíssimas coisas
tenho. Ignoro perceptivelmente a fala ambiente, tudo muito moral, uníssono,
sentada a dedilhar inseguranças ao amigo, me acata, me cospe, desdenha, posto
que choraria se à tona chegasse o que me incomoda (se já não está), sempre
vacilante em supor o bom, o creme da coisa, tão boa a vida para eu estar triste
sem razão. Estou. Desconfio sobre nada,
e tudo ao mesmo passo. Não há generosidade. Dizem que a melancolia é estado de
luto sem perda. Dias a fio com a cabeça na cidade antiga, minhas coisas, os
queridos, sem maldade, menos séria, cortejava a rua, as calçadas, cada
personagem, não que seja saudade, não que agora desgostosa, mas debruçada sobre
o xadrez, como se o xadrez fosse as mudanças que ainda me custam aos olhos e à
cabeça assimilarem, dizem crescer, coisa que desprezo, meio drama adolescente, e
se há coisa que não sou, é estúpida. Me
ausento por uns tempos, estar só e fazer isso era prático, agora não mais,
perdi a manha de sair, preciso ficar, estar, ir um pouco para ver, observar,
calcular em mim o que sinto, ainda que não me cause porcaria alguma,
interrompida duas vezes por tentativas frustradas de uma cordialidade meio
pagã, morna em mim, tanto faz.... tanto faz. E nem mesmo sei se espero chegar enfim ao
tilintar do xeque-mate.