domingo, 2 de junho de 2013

coragem

    Quando criança, era como você, detestava o barulho que fazia a simpatia das pessoas, sentava sempre num lugar proposital ao silêncio, na sala; por vezes divaguei entre a inteligência e a ignorância, embora soubesse as capitais de todos os países.... papai me obrigava, ria se eu errasse a pronúncia, e eu tímida, junto dele, aprendi a debochar da minha própria vida. Os anos me trouxeram algumas coisas das quais teu paladar imaturo ainda não está a par, mas verás, como via eu no tilintar que se deu a partir de noventa e quatro... afinal, não escrevo para falar de mim, mas para me confundir com você. Numa manhã plúmbea talvez resolva se desmanchar em vaidade, a pele ficar arisca ao sol e a alma, inclusive... Tudo o que tenho a dizer está no cotidiano, para mim, os sons são teus números, esta afinidade com a qual minha cabeça fraca nunca se deu... não tem importância! Ana até declamou alto: "não há exatidão suficiente para a poesia do inesperado." No mais, olha nesse meu olhar misto entre a infantolaria e o caquético e toma para si um bom conselho: não acredita em nada daquilo que te disseram ser digno antes do Iluminismo.