segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Biografia

    Acordada, tocou com a ponta dos dedos o tapete marrom, mansamente... Olhou em volta e o livro marcado era retrato de sua vontade em prolongar a leitura, pegou os cabelos, prendeu-os como se pusesse uma flor em meio ao liso. Dez passos ao espelho e água no rosto, teve vontade de sorrir, pensou na solidão... Sempre que fecha os olhos é tomada por visões que provocam seu temor ao que não existe, sempre que fecha os olhos, enxerga tola aquilo que só se vê quando os olhos não estão abertos. Inspira a toalha, se despe devagar e molha o corpo magro, pensa ter um pouco de Ivich, Luísa, Teresa, Sabina... E cada pingo que cola a pele é a certeza de que há muito se fez mulher, pois já não faz manha para entrar no banho, mas carrega pressa em sair, só e somente por pensar demais.