Um gole
Devo sugerir, afinal, acabaremos sós. Ando
entendendo como levar as coisas, aceitei que um dia hei de ver-me como alguém
quer e aos poucos, cederei, aos teus caprichos, minhas malícias, nossas
vontades... Será volúpia, talvez eu nem feche os olhos. Há de custar nada, não te preocupa, dar-me-ei
voluntariamente, como me ofereço para apanhar papéis no chão e você, querido,
vai sorrir devagarzinho, tentando ocultar o que pensa, mas o que pensa sou eu,
então veja-me, em sua frente. Cá estou, desarmada de argumentos, esquecida da
intelectualidade que comprei com tanto esforço, cá estou para você, cuide-me,
trate de compartilhar o sono, apague a luz do abajur, que tanto me incomoda,
tente achar-me como nunca alguém, nem aquele ou outro... Cá estou eu, indiscutivelmente
despreparada, porém, certa do que quero.