terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Bowie me enganou

    O travesseiro sustenta o conteúdo podre disfarçado de maciez, o preço não existe, a voz cala e os olhos também, mas o inferno grita dentro procurando a passagem eficaz que possa ser visível em qualquer ação de interesse pessoal. Assim nós somos, e fugir da hipocrisia é uma triste morte regada de dignidade, mas de que vale o nome limpo, a mão estendida e a cultura profunda se não conseguimos sequer sustentar a pena que somos? “A carne é fraca!” e a alma mais ainda! programada para misturar-se com poeira, dessas que a serva desvalorizada não varre, dessas que a desigualdade só propaga mais e mais não por ser fraca, mas por ser rica e oca, como qualquer boca que grita o que você quer escutar, não o que você merece ouvir e é dessas verdades que sua “ética” sente falta. O valor que sai do bolso compra qualquer coisa, tanto faz se num súbito ou processo gradual, o que é vendido fecha o negócio e covarde é quem se atreve a achar que voltar atrás é o mesmo que desfazer os planos, voltar atrás é distorcer a essência, é como abrir o congelador achando que é sorvete e ver que é feijão, voltar atrás é enganar-se, não ao tempo... Mas talvez hoje seja um pouco melhor ser covarde.  Este estabelecimento está fechado para heróis: mundo.