como pude perder um tanto da vida me prevenindo de alguma coisa?
e por isso
vivi e me senti só
infinitas
vezes de solidão ao cais
onde me
encontrava junto dum sentimento bom e triste
misturando eu
minhas
memórias
em torno de
vozes
que supunha
virem do teu coração
e vieram
e vieram
agora sozinha
mais que antes
tentando sarar
algo quente ainda
algo cortado
tirado à faca
feito a confiança que tive em ti
me movo breve e devagar
hoje na rua
escura não corri de nada
não acompanhei
os meninos
fui lenta do
corpo estar tão cansado de deitar pra clamar por algo
algo que podia
remendar
hoje sentei na
areia fina
e vi o céu
olhei prum céu tão cativo de você
olhei prum céu tão cativo de você
você quem me
ensinou
tanto
a gostar do
céu
e de tantas
outras memórias que guardo
vou guardar
mas o que fica
agora
é uma mágoa
atropelada do que fomos
o nosso
excesso
tudo em nós
foi demais
tudo em mim é
grande
e quando te
encontrei
tudo em você
era triste
e acinzentado
e não teve
e não vai ter
jeito
e não vai ter
jeito
agora só tento
e mato
resquícios de
você em mim
na minha mente
manchada de tantos descompassos
de tantas
tentativas
o que houve
com a gente, só nós vamos saber
a loucura dos dias
do cansaço
da fúria pela
qual fomos guiadas a cometer tantos desalentes
e nos mostrar
tão distantes do que pensei ser pra você
e do que você
tentou se mostrar pra mim
linda, nua,
plena, dos sons mais firmes que a gente emite quando ama
mas passou
e nosso tempo
doeu e fez rir, como tudo na vida
e foi na ânsia
de nos cuidar que nos perdemos