terça-feira, 12 de julho de 2011

Vai bananas

    Penso em nada, ponho força numas palavras elétricas e tudo certo. Se fosse viver de motivo, morreria... O pão não existe quando há inspiração... O pão só existe quando se quer tê-lo... De verdade? Só quando ele resolve existir, às vezes seco, requentado, tardio, mas ainda pão. Entendo a encomenda, a necessidade do pré-sucesso, o que deixa a vida puta é nunca desviar da repetição, essa vontade descarada de não morrer de fome e de comer bem pelo “complexo” motivo do resto do mundo. Escrever é a loucura facilmente preguiçosa, coisa que vaga entre tostões furados e o vazio existencial, bonito mesmo é ver a desgraça! Ver o peito gritando pro mundo o quão importante é o papel que por desengano desempenha, ver o autógrafo, a admiração alheia... E por trás toda uma miserável beleza que apenas as manipuláveis letras podem lhe proporcionar. Quem escreve é vítima, é um serzinho que por ironia não encontrou nada melhor a fazer e resolveu transformar poeira em neve, quem escreve é mais frágil, um decadente em potencial... Pobre mão, pobre lápis, pobre caneta, pobre teclado, pobre papel! Pobre autor? Ah, faça-me o favor, este pavoroso é o inventor de tudo.